FREITAS, Itamar. Histórias do ensino de história noBrasil (1890/1945). São Cristóvão: Editora da UFS, 2006. Capa: Hermeson Alves de Menezes. |
Como texto de reescrita – resultante da junção de monografias, artigos e comunicações –, a obra pode oferecer duas opções de leitura relacionadas à minha trajetória de formação: história dos estudos históricos no ensino superior e história do ensino de história nos cursos secundários.
O primeiro grupo de trabalhos é iniciado com um panorama da pesquisa sobre a história no ensino superior brasileiro, no âmbito da história da historiografia em seus estudos de síntese.
Exploro, em seguida, duas experiências com a história ensinada, envolvendo os professores Afonso D’Escragnolle Taunay e Francisco Isoldi, mestres que enfocaram a aprendizagem dos rudimentos da ciência da história. Suas preleções fornecem indícios bastante significativos para a compreensão do caráter da história ensinada em cursos de nível superior anteriores à institucionalização das licenciaturas nas Universidades de São Paulo – USP e do Distrito Federal – UDF. Nesses textos, trato da vivência dos professores em duas instituições pouco conhecidas, a Faculdade Livre de Filosofia e Letras de São Paulo (1908/...), mantida pelos beneditinos; e a Faculdade de Letras e Filosofia de São Paulo [1831/1836], fechada com o funcionamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.
Na segunda parte das Histórias conservo preocupações com a história ensinada nos cursos secundários. Escrevo sobre as tentativas de elaboração de uma teoria do ensino de história para os adolescentes da passagem do século XIX para o século XX, empreendidas por Sílvio Romero, José Veríssimo, João Ribeiro e Araripe Júnior.
Nos textos que se seguem, são aprofundadas as discussões sobre o porquê, o como e o que ensinar com o nome de história. Seja por meio de planos de estudo, seja pelo oferecimento de modelos de livro didáticos ou de maneiras de lecionar, são descritas e analisadas as experiências dos professores José Estácio Correia de Sá e Benevides, Fernand Braudel, Murilo Mendes e de Genolino Amado.
Entremeando esses depoimentos, porém, busco informações sobre a história ensinada numa instituição de caráter erudito – o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – examinando as atas do grêmio no período 1884/1940.
Como apêndice, seguem alguns comentários sobre um dos documentos-chave no processo de metodização do ofício do historiador na França. Trata-se do manual Introduction aux études historiques, produzido em 1898, por Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos. São estrangeiros, obviamente, que buscaram criar um campo distinto para o historiador do final do século XIX. Mas, vocês entenderão que a leitura do manual pode aumentar bastante a cultura histórica dos pesquisadores que se aventuram nos estudos sobre o ensino superior e a formação do professor do curso secundário brasileiro na primeira metade do século XX.
Os textos aqui reunidos, certamente, são como “fundos fechados”: já cumpriram a sua função inicial e estão fadados aos classificadores. Salvos da dispersão – das gavetas, dos anais eletrônicos –, eles podem, todavia, ser úteis aos que se ressentem das histórias sobre o ensino de história e podem contribuir para o estreitamento dos laços entre a historiografia universitária e os saberes históricos escolarizados; entre os historiadores por formação inicial que volta e meia se debruçam sobre a temática e os historiadores da educação que abraçaram a causa como primeira opção de ofício.
Sumário
Nota sobre a organização deste livro
Parte I
- Itinerários do ensino superior de história no Brasil (primeiras leituras)
- A "velha história" francesa no ensino superior: o exemplo de Afonso D'Escragnolle Taunay na FAculdade Livre de Filosofia e letras de São Paulo
- Uma via italiana para o ensino superior de história: as preleções de Francisco Isoldi na Faculdade de Letras e Filosofia de São Paulo (1931/1932)
- A(s) pedagogia(s) da história no alvorecer da República
- A história universal de José Estácio Correia de Sá e Benevides (1890/1903)
- A história ensinada na história erudita (IHGSP): São Paulo, 1894/1940
- Ensino de história à brasileira nos conselhos de Fernand Braudel (1936)
- Um freio na francofilia: a proposta de Murilo Mendes para o ensino de história no curso secundário (1935)
- O estilo pedagógico de Genolino Amado
- 100 anos de um manual: comentários sobre a Introduction aux études historiques de Langlois e Seignobos
Para adquirir essa obra em suporte papel, escreva:
Itamar Freitas: itamarfo@gmail.com