Edifício da Diretoria Regional de Educação n. 6, onde se realizavam as aulas de História do Projeto de Qualificação Docente da Universidade Federal de Sergipe em 2002. |
A preocupação com o levantamento de fontes primárias sobre a história local já é uma marca característica do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe. Exemplos desse esforço heurístico foi o projeto de inventário de documentos e organização arquivística levado a cabo em 1970 e anos subseqüentes por José Silvério Leite Fontes, Beatriz Góis Dantas e Maria da Glória Santana Almeida. Tais iniciativas, além de organizarem os acervos do Arquivo Público do Estado de Sergipe, da Cúria Metropolitana, do Poder Judiciário e estimularem a criação do Arquivo do Judiciário, Arquivo Público de Aracaju, Programa de Documentação e Pesquisa Histórica e revitalizarem a rotina do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, propiciaram a efetivação de práticas concernentes ao ofício do historiador no curso de Licenciatura em História da UFS. Os trabalhos de arranjo, descrição e os planos de utilização desses espaços institucionais acompanharam a implantação de disciplinas como Métodos e Técnicas de Pesquisa, Arquivologia, Prática de Pesquisa Histórica.
Tais iniciativas, estavam, todavia, relacionadas às fontes caracteristicamente vazadas em suporte papel, “reunidas ao longo das atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas”.[1] A preocupação, diante da baixa consciência preservacionista dos poderes públicos e de algumas instituições como a Igreja, era o de localizar e inventariar a maior quantidade de documentos sobre o século XIX e, quem sabe, sobre o período colonial. O trabalho rendeu muitos frutos e graças às iniciativas dos anos 1970, pelo menos, grande parte da documentação oficial produzida até meados do século XX encontra-se organizada nas referidas instituições. Nos anos 1980, entretanto, a preocupação dos professores do Departamento de História (DHI) foi ampliada, tanto no que diz respeito aos períodos estudados, quanto à noção de fonte histórica. Assim, surgiu o projeto de Maria Thetis Nunes (1982) que, interessada em questões do tempo presente, ensaiou levantamento de fontes orais com vistas ao estudo da elite política e intelectual sergipana. Ainda na mesma década, a professora Maria das Graças Menezes Moura (1986) iniciou a coleta de uma série de depoimentos de trabalhadores no intuito de elaborar uma História da classe operária, particularmente da atuação do Partido Comunista Brasileiro no período 1945/1964.
Nos anos noventa, com a disseminação de um conjunto de procedimentos configurados na História oral em termos de Brasil, o DHI retomou o trabalho heurístico através das questões relativas aos trabalhadores Sem Terra, aos autos populares e ao fenômeno social bastante significativo para Sergipe que foi o Cangaço. Esse interesse gerou o trabalho “História oral da luta dos trabalhadores rurais Sem-Terra em Sergipe: 1985/1996”, coordenado pelo professor Antônio Fernando de Araújo Sá. Os dois temas restantes foram problematizados pelo “Projeto de Levantamento de Fontes Orais sobre o baixo São Francisco” implementado pelo Centro de Documentação e Pesquisas do baixo São Francisco, coordenado pelos professores Maria Verônica de Meneses Nunes e o próprio Fernando Sá. [2] Nestas iniciativas, apesar da feição predominantemente política dos anos 1980, a História oral tem caráter mais antropológico. A pesquisa sobre os Sem Terra, por exemplo, não internaliza “o avanço das relações de produção capitalistas no campo, preocupando-se fundamentalmente com os processos de construção da memória dos movimentos que lutam pela posse da terra em Sergipe. O citado artigo é fruto dos trabalhos desenvolvidos pelo Projeto de Alfabetização e Educação para Jovens e Adultos nos Acampamentos de Reforma Agrária (PRONERA).
Uma outra virada em direção à História Oral seguiu a tendência já verificada na trajetória dessas práticas em outros países nas últimas três décadas: as mudanças no ofício do arquivista (ou do gestor da informação). A rotina de trabalho desse profissional começou a incorporar o testemunho transcrito, produzido durante uma entrevista, por exemplo, como “documento de arquivo”. A idéia de organizar-se um acervo de fontes orais dentro do Programa de Documentação e Pesquisa Histórica foi algumas vezes discutida entre os diretores da instituição. Também durante reuniões informais do DHI e nas aulas da disciplina Arquivologia, ministrada pela professora Maria Verônica Meneses Nunes, em meados dos anos 1990, o assunto foi várias vezes ventilado.
Ainda nos anos 1990, além das iniciativas apontadas, a trajetória da História Oral no DHI ganharia nova motivação a partir dos resultados obtidos pelo projeto “Histórias dos Municípios Sergipanos”, coordenado pela professora Terezinha Oliva (1996/1998) e executado pelos alunos Itamar Freitas, Péricles Andrade Júnior e Elissandra Santos. Depois de inventariar e criticar quatrocentas e setenta e oito fontes bibliográficas, entre artigos e livros que historiavam a experiência de povoados, cidades e municípios, o projeto também constatou a exiguidade de narrativas sobre localidades situadas nas zonas do agreste/sertão do Estado, bem como daqueles espaços que foram fundados na segunda metade do século XX ou que não tinham suas origens ligadas ao cultivo da cana-de-açúcar.
Essa constatação ficou ainda mais patente quando professores e alunos, envolvidos em projetos de levantamento de fontes ligados ao Centro de Documentação e Pesquisa do Baixo São Francisco (CENDOP), defrontaram-se com o progressivo desaparecimento dos testemunhos da experiência local registrados em suporte papel em prefeituras (principalmente), cartórios e igrejas por motivos que vão desde o desconhecimento até a deliberada destruição dos acervos arquivísticos.
Apesar de todas essas constatações e a despeito do amadurecimento da cultura histórica local acerca da relevância do depoimento oral, um problema operacional viria selar de vez a necessidade de implementar um projeto de História Oral de maior envergadura, envolvendo a maioria dos professores do Departamento. O fato esteve relacionado à (também nova) experiência de estender o curso de Licenciatura em História à várias sedes municipais de Sergipe, já que a única escola, fundada há meio século, encontrava-se na região da Grande Aracaju. Essa nova tarefa do DHI estava atrelada ao Programa de Qualificação Docente (PQD), uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer juntamente com a Universidade Federal de Sergipe. Sua principal meta é a qualificação de mais de mil e quinhentos docentes das redes municipal e estadual do Estado em doze áreas de ensino, incluindo-se a História. O PQD, que mantém cursos de licenciatura em cinco pólos do interior do Estado, abrangendo setenta e um dos setenta e cinco municípios de Sergipe. Funciona duas vezes por semana (quintas e sábados) em regime intensivo (duas disciplinas com quatro-horas aula por dia) obrigando o deslocamento de alunos e professores para as cidades-pólo Estância, Itabaiana, Lagarto, Nossa Senhora da Glória e Propriá.
Em função dessas condições especiais, em termos de clientela, horário e objetivos, os projetos pedagógicos, bem como os currículos dos curso de Licenciatura tiveram que sofrer algumas adaptações. Especificamente para o curso de história, tornou-se complicado exercer satisfatoriamente as rotinas de pesquisa arquivística e bibliográfica, por exemplo. A carência de instituições e a inflexibilidade dos horários dos arquivos, bibliotecas e museus existentes no interior do Estado aprofundaram a necessidade de produzir alternativas que viabilizassem a formação do aluno sem prescindir da qualidade do curso ministrado no Campus Universitário da Grande Aracaju.
Esse foi, portanto, o motivo definidor da idéia de formalizar o projeto de História Oral. Foi partindo da constatação desses problemas operacionais, da necessidade de recolha e conservação das fontes sobre a contemporaneidade no interior do Estado, das experiências anteriores do DHI no trato da oralidade como material do historiador e, sobretudo, dos interesses ligados à produção de uma historiografia que abrangesse a vivência de outros segmentos sociais e o questionamento de temáticas não contempladas pela bibliografia sergipana que o Conselho Departamental do DHI elaborou o projeto “Fontes Orais para a História Contemporânea de Sergipe” cujos objetivos principais foram assim resumidos: 1. preservar a experiência histórica de diferentes segmentos sociais de Sergipe com vivência relativa ao tempo presente; 2. suprir as lacunas sobre a experiência local, contribuindo para a composição de trabalhos historiográficos sobre a história local/regional; 3. localizar repositórios de fontes registradas em outros tipos de suporte, como manuscritos, iconografias, gravações sonoras, artefatos, entre outros; 4. arquivar e dispor as informações em banco de dados; 5. aprofundar a discussão sobre a aplicabilidade de metodologias recentes como o trabalho de História Oral; 6. implementar laboratório de pesquisa histórica através de um projeto piloto junto aos alunos do curso de licenciatura em História do PQD; 7. estimular, nos próprios munícipes ou nos técnicos e professores radicados nas diferentes cidades e povoados, o interesse pela pesquisa e ensino sobre história local.
Durante a formalização do projeto, do qual participaram os professores Lenalda Andrade Santos, Maria Verônica de Menezes Nunes, Maria Izabel Ladeira da Silva, Itamar Freitas e Antônio Fernando Araújo de Sá, a questão que gerou discussão mais demorada foi a estratégia de coleta a ser adotada. Dois direcionamentos estavam postos: a idéia de prescrever um conjunto de temas e sobre esses aplicar um mesmo questionário para todos os colaboradores; e a opção de liberar a escolha de temáticas e problemas vinculando-os apenas através da metodologia. Pela primeira perspectiva, a escolha dos objetos e das questões ficaria a cargo do grupo de professores. A principal vantagem dessa estratégia seria a possibilidade de executar um estudo sistemático, abrangente e controlado sobre a coleta, viabilizando de imediato a produção de conclusões extensivas à maioria dos municípios de Sergipe. Ou seja, as possibilidades de síntese (ou de generalização) seriam imediatas. Essa proposta foi atropelada pela ansiedade dos alunos que, mesmo antes de conhecerem os primeiros passos da pesquisa histórica (felizmente ?), já traziam justificados objetos, interesses e problemas a serem configurados em monografia de final de curso. Venceu, dessa forma, a opção mais flexível. A idéia de que o próprio aluno escolheria o seu tema, obedecendo às orientações genéricas prescritas no projeto.
Essas orientações anunciaram que o trabalho constituir-se-ia no levantamento, coleta e tratamento de depoimentos orais dos moradores dos municípios onde residem os alunos, orientada por um clássico problema de pesquisa. A monografia seria, então, um trabalho individual que daria ênfase ao trabalho com fontes orais, devendo estabelecer-se nos marcos temporais posteriores aos anos trinta do século XX. A história oral de vida e a história oral temática seriam as orientações seguidas na pesquisa, embora fossem desenvolvidos em paralelo e coletivamente os procedimentos da pesquisa bibliográfica, arquivística e iconográfica. A leitura das fontes, em que pese as diferenças de temas e de orientador, passaria pela discussão de conceitos centrais, como: historiografia, identidade, representação, região, tempo, memória, documento e narrativa.
A estrutura do Projeto “Fontes orais para História contemporânea de Sergipe”
A estrutura do Projeto “Fontes orais para História contemporânea de Sergipe”
Aprovado o projeto pelo Conselho Departamental, as atividades foram desenvolvidas em torno dos alunos de Licenciatura em História nos cinco pólos já citados e das reuniões com os professores das disciplinas Métodos e Técnicas de Pesquisa. A integração desses profissionais foi fundamental. Coube-lhes fornecer aos alunos os primeiros rudimentos sobre a pesquisa científica e introduzir alguns instrumentos preliminares para a efetivação do projeto, ou seja, apresentar os instrumentos relativos ao ofício da História Oral.
Assim, o conteúdo programático de Métodos e Técnicas sofreu algumas alterações, ampliando o espaço relativo aos instrumentos da História Oral, sem, contudo, desprezar os demais caminhos tradicionais de pesquisa. O programa do curso, executado em quinze semanas, totalizando setenta e cinco horas, ficou assim distribuído: 1. apresentação do programa, calendário e formas de avaliação; a relação teoria/método; 2. a organização dos trabalhos acadêmicos: revisão sobre leitura, resumo e crítica; 3. fichamento por resumo, citação e bibliográfico; 4. referências bibliográficas; 5. a pesquisa científica: conceito, função e tipos; 6. a pesquisa em história: alguns procedimentos mais utilizados; 7. a pesquisa bibliográfica (prática na BICEN); 8. a pesquisa arquivística (prática no APES e IHGS); 9. o trabalho com as fontes orais; 10. projeto de pesquisa – o que pesquisar? Apresentação do projeto coletivo do DHI; 11. recorte do tema, escolha do objeto, problema central; 12. por que pesquisar? Justificativa e estado da arte; 13. como pesquisar? Âmbito da pesquisa e as hipóteses; 14. como pesquisar? procedimentos teórico-metodológicos e planejamento; 15. formatação do projeto de pesquisa.
Pelo exposto, nota-se que o programa foi orientado para revisar os caminhos rotineiros do ofício do historiador, demorando-se um pouco mais no tratamento com as fontes orais. Somente após essa revisão é que os alunos começaram a elaborar os projetos visando sua efetivação na disciplina Prática de Pesquisa. Resultaram da disciplina (abr./jul. 2001) cento e quarenta e quatro projetos que enfatizavam as mais diferentes temáticas.
A tendência da história sócio-cultural foi a mais densamente representada com grande número de trabalhos sobre religiosidade católica e protestante e eventos típicos de tradição “inventada”. Em segundo lugar, apareceram os problemas relativos à economia de cada lugar, com vantagem para as práticas agrícolas e as crises no comércio varejista. Os problemas sociais, como a estrutura fundiária e o trabalho de crianças e mulheres também são enfocados. Por fim, em menor quantidade, foram elaborados projetos sobre história de vida de artistas e chefes políticos municipais e sínteses sobre povoados e cidades. Esse resultado refletiu as concepções de história e algumas escolhas temáticas do corpo docente. Mas, também, não deixou de apresentar as suas surpresas quanto ao fôlego demonstrado pela história econômica, apesar do quadro do DHI não empenhar-se na efetivação de trabalhos dessa natureza nos últimos cinco anos.[3]
Passada a etapa do projeto, os alunos ingressaram na disciplina Prática de Pesquisa (parte 1) que compreendia a execução das tarefas prescritas em cada projeto num total de sessenta horas. Também aí foram feitos alguns ajustes em relação ao programa executado no Campus da UFS. Distantes das bibliotecas e arquivos mas, próximos da fontes específicas, os alunos revisaram questões teórico-metodológicas relativas à História Oral com ênfase nos manuais de José Carlos S. Bom Meihy e Paul Thompson. Enquanto iniciavam as primeiras experiências de coleta, os alunos aprofundavam questões conceituais comuns a vários projetos.
Durante a execução do programa, em setembro de 2001, foi deflagrada a greve dos Servidores Públicos Federais. Assim, as reuniões entre os professores foram suspensas e o trabalho foi interrompido em alguns pólos. Por essa razão, esse relato sobre o projeto se restringe, a partir dessa etapa, ao pólo de Propriá, no qual atuaram o prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento e o prof. Msc. Itamar Freitas.
As atividades do Projeto no Pólo Regional de Propriá[4]
As atividades do Projeto no Pólo Regional de Propriá[4]
As atividades da disciplina Prática de Pesquisa tinham por objetivo fornecer orientação teórico-metodológica para a execução do projeto de pesquisa elaborado pelos alunos na disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa, visando à produção da monografia final do curso de Licenciatura em História. Seu conteúdo incluiu, como já foi dito, o uso dos conceitos básicos utilizados durante a pesquisa (História, memória, identidade, cultura, região, tempo entre outros); a revisão da metodologia sobre História Oral (escolha dos colaboradores, roteiros de entrevista, entrevista, transcrição, comparação de versões etc.); o aprofundamento da revisão da literatura sobre os temas de pesquisa; e os procedimentos de acompanhamento dos orientandos na pesquisa de campo.
Ainda no início da disciplina Prática de Pesquisa, os alunos foram orientados a prepararem comunicações com vistas à participação no II Congresso de Iniciação Científica da UFS. A inscrição foi voluntária e dez alunos mobilizaram-se para apresentar os primeiros resultados de suas pesquisas. Essa iniciativa motivou os demais alunos que engajaram-se nas demais atividades do evento (mini-cursos, palestras) ocorrido no Campus de São Cristóvão entre 12 e 14 de novembro, além de prestigiarem a apresentação dos trabalhos dos colegas. A participação de alguns alunos do PQD do pólo de Propriá foi acompanhada por consultores do CNPq e gerou comentários bastante positivos para o curso de Licenciatura oferecido pelo Departamento de História. A Universidade Federal de Sergipe também foi alvo de comentários elogiosos pelo nível dos trabalhos e pelo estímulo à participação grande contingente de alunos não bolsistas.
Voltando ao programa da disciplina Métodos e Técnicas, é preciso registrar que o mesmo foi cumprido mediante a leitura e discussão dos fichamentos, aulas expositivas, acompanhamento individual dos alunos no pólo de Propriá e visitas de estudos às comunidades tematizadas pelas pesquisas. Desse grupo de estratégias deve ser destacada a visita de estudos às localidades onde moravam e trabalhavam os orientandos. Durante o período setembro/dezembro foram realizadas várias viagens que tinham como ponto de partida, na maioria das vezes, o próprio pólo de Propriá. Efetuadas as discussões conceituais com a turma de vinte e nove alunos, seguiam os professores com quatro alunos, em média, para as cidades de Itabi, Cedro de São João, Capela, São Francisco, Neópolis, Pirambu, Japaratuba e Divina Pastora (nessa última não houve reunião, apenas a observação da festa por parte dos docentes). Nesses municípios cumpria-se uma rotina que incluía uma breve visita aos locais de pesquisa (igrejas, escolas, bairros, praças etc.) e uma reunião de verificação do andamento dos trabalhos.
Nessas reuniões, havia um protocolo de questões mais ou menos fixo. De início os alunos reapresentavam os projetos de pesquisa (tema, problema, objetivo, situação da pesquisa). Era o momento de verificar o empenho e o grau de empatia entre o autor e o seu projeto. Em seguida, perguntava-se sobre os problemas efetivos durante a aplicação dos procedimentos metodológicos da História Oral. Daí surgiam os problemas mais esdrúxulos e também os mais prozaicos. A palavra era franqueada aos demais participantes que auxiliavam o apresentador na resolução de tais dificuldades. Também nesse momento o prazer das “descobertas” era compartilhado: tanto os “achados” sobre fontes quanto o auto-reconhecimento de uma “vocação” ou uma nova habilidade adquirida durante o processo de entrevistas ou de transcrição, por exemplo.
Esses encontros, realizados em diferentes locais (sob uma jaqueira em Neópolis, numa Igreja evangélica em Cedro de São João, numa escola em Pirambu, na praça central em Japaratuba, em um bar em Itabi etc.) proporcionaram maior interação entre orientandos e orientador (a barreira do acanhamento era quebrada) como também (e principalmente) entre os alunos habitantes do mesmo município que estavam, muitas vezes, separados por questões de status sócio-econômico e até mesmo partidário. Somente através desse tipo de reunião (longe da sala de aula com vinte e nove alunos), os orientandos começaram a perceber o valor estratégico do trabalho coletivo em História, tese recorrente durante as aulas. Somente nessas sessões, os alunos tiveram consciência das dificuldades de pôr em prática um projeto de pesquisa no próprio município diante do conjunto de habilidades que teriam que desenvolver, do número de profissionais envolvidos em trabalhos do gênero e das estratégias políticas adotadas para não “queimar” fontes e não “criar arestas”, já que os pesquisadores e colaboradores eram também, em boa parte dos casos, velhos conhecidos de outros momentos e espaços de sociabilidade.[5]
As reuniões itinerantes também ajudaram nas tomadas de decisão sobre os prazos, aprofundamento ou não de alguns procedimentos metodológicos já que se notava uma coincidência de problemas partilhados pela maioria dos grupos de trabalho. Esses encontros foram também fundamentais para o aprendizado dos próprios orientadores, com poucas experiências em trabalhos sistemáticos de grande abrangência em História Oral. Criou-se um protocolo de previsibilidade das prováveis dificuldades enfrentadas pelo próximo grupo a ser reunido e isso facilitava bastante o processo de orientação, pois cada professor tinha a metade da turma sob sua orientação direta. Os encontros serviram como espaço de auto-avaliação dos professores e vislumbraram as possibilidades de execução de outros projetos de maior envergadura que, sem essa experiência, dificilmente seriam considerados exeqüíveis.
Tais discussões que começavam às 16h e terminavam após às 20 ou 21 horas, permitiram aos orientadores a verificação sobre as possibilidades de pesquisa na própria cidade, além daquelas descriminadas nos projetos individuais. Questionava-se sobre a existência de arquivos da administração municipal, arquivos paroquiais, bibliotecas, centros de documentação, memoriais e gabinetes de leitura; sobre a existência de jornais (circulantes ou extintos), livros e folhetos sobre festas de padroeiro, inaugurações, enfim, qualquer impresso que informasse sobre a experiência contemporânea da localidade. Questionava-se também sobre a existência de acervos iconográficos e sonoros; da probabilidade de algum cidadão com nível superior ter produzido sua monografia de final de curso sobre a própria localidade. A orientação transmitida era de que cada descoberta nesse sentido fosse registrada e repassada para os demais alunos do grupo, mesmo que fosse improvável a utilização de tais estoques de fontes durante a pesquisa em curso.
Por fim, dos vários fatos que impressionaram os professores durante essas visitas de trabalho, pelo menos um deve ser registrado. Diante da relativa informação que tinham sobre a historiografia das cidades e municípios (um levantamento exaustivo da bibliografia fora coordenado pela professora Terezinha Oliva entre 1995 e 1998), chamou a atenção a existência em todos os municípios de pelo menos um homem-memória, um morador identificado pela comunidade como o conhecedor da história local e, por isso mesmo, o mais autorizado a fornecer informações sobre qualquer tema. Assim, foram inventariados o professor Antônio em Cedro de São João, dona Maria Zuleide Nascimento em Capela e o tabelião Eduardo Cabral (seu Dudu) em Japaratuba. Esse fato pode abrir uma frente de trabalho para a História da Historiografia sergipana já que tais historiadores out siders nascem e, muitas vezes, morrem com seus cadernos pautados, seus manuscritos datilografados repletos de testemunhos sobre a experiência cotidiana. A tendência inicial de alguns desses historiadores foi a de não colaborar com a pesquisa, ciosos das informações coletadas durante anos à espera de publicarem quando estivessem prontos. Com as idas e vindas dos alunos, os homens-memória optaram por colaborar, muitas vezes na esperança de contar com o auxílio desses novos universitários na finalização de suas obras.
Em paralelo às atividades da disciplina Prática de Pesquisa Histórica, os alunos cumpriaram os créditos das disciplinas História de Sergipe II e História do Brasil II. Também os programa dessas disciplinas sofreram adaptações no sentido de viabilizar a efetivação dos projetos monográficos. Em Sergipe II, os alunos foram orientados a lerem trabalhos sergipanos com temáticas próximas aos seus objetos de pesquisa. A avaliação, inclusive, constava de uma revisão de literatura sobre o município em questão. Para a disciplina História do Brasil III, que tematiza a experiência republicana, a revisão de literatura, em nível mais geral (abrangendo outros espaços do Brasil) foi também transformada em elemento de avaliação. A finalidade da mudança é de que tais artigos, produzidos sobre o tema em termos de Sergipe e Brasil, reorientassem os objetivos dos projetos de pesquisa e fossem incorporadas futuramente ao texto monográfico.
Ao final das disciplinas História de Sergipe II, História do Brasil III e Prática de Pesquisa (parte 1), apurou-se que os alunos já haviam produzido entre cinco e nove documentos transcritos e começavam a ensaiar uma direção “definitiva” para os objetivos do projeto.[6] Certamente alguns temas foram completamente transformados e o debate e a troca de experiências nesses últimos dias foram muito ricos. Cabe aqui relatar alguns casos curiosos. Uma aluna que pesquisava sobre as conseqüências do fechamento de uma fábrica de tecidos no cotidiano de trabalhadores de uma pequena vila surpreendeu-se com as chaminés da empresa em plena atividade. Outra pesquisadora que estudava o estigma gerado por uma zona de prostituição numa pequena localidade de pouco mais de mil habitantes ficou ainda mais surpresa quando chegou a conclusão de que a prática da prostituição em prostíbulos estava em franca decadência. Da mesma forma, uma outra aluna que buscou em todos os locais óbvios as informações sobre a trajetória do acampamento dos Sem Terra veio a descobrir que os seus principais informantes estavam justamente “do outro lado” da estrada; foi, sobretudo, uma ex-prefeita que relatou por mais de quatro horas todo o processo de ocupação e revelou, com propriedade, algumas estratégias de ação do grupo assentado. Houve também um caso em que a aluna encontrou, nas duas primeiras entrevistas, a resposta para o estigma que envolvia um bairro, separando-o dos demais da cidade sem que ninguém soubesse explicar razoavelmente os motivos para o “nojo” aos moradores daquela localidade. O motivo da discriminação estava na função social daquele aglomerado de casas nos idos de 1960. O bairro concentrava residência de várias prostitutas e era sede de forrós e sambas todos os fins de semana. A orientanda ficou estupefata e não sabia como agir diante da velocidade com que conseguira explicar as possíveis origens e o signficado do estigma. Por fim, houve alunos que anunciaram a possibilidade de desistirem do curso, tal a dificuldade para chegar às fontes listadas no projeto dentro dos prazos estabelecidos no cronograma do projeto e a inabilidade para entrevistar pessoas desconhecidas.
Sobre esse aspecto, também os professores viveram a constatação de algumas hipóteses sobre as “vocações” para determinados trabalhos do ofício. Nesse sentido algumas expectativas foram frustradas como por exemplo: houve casos de orientandos que reuniram muitas fontes, mas não foram capazes de ordenar e nem de extrair sentido do material. De modo contrário, alguns alunos aferrados em poucos vestígios produziram conclusões sofisticadas. Houve casos de orientandos que, em sala de aula revelavam-se problemáticos quanto à auto-confiança, apresentaram-se durante a pesquisa de campo como bons entrevistadores e, melhor que isso, obstinados recolhedores de informação. Esse último exemplo levou os professores a repensarem as estratégias de avaliação em outros cursos já que o rendimento dos alunos durante as primeiras tarefas da História Oral não é proporcional ao seu brilhantismo entre quatro paredes, em frente ao livro.
No geral, todos cumpriram as tarefas agendadas, permitindo que as últimas aulas tematizassem questões mais complexas, como o redimensionamento do espaço e dos marcos temporais abrangidos. Assim, foram efetuados alguns exercícios de eleição de temas recorrentes para subsidiar o preenchimento do sumário das entrevistas. Em seguida, os alunos foram questionados sobre a possibilidade de ensaiar algumas definições sobre os objetivos expostos e as possibilidades de recortar o tempo e dar ritmo a uma futura composição. De posse da revisão de literatura, dos sumários das entrevistas e motivados pela experiência adquirida no contato com os colaboradores (viabilizando um certo domínio da matéria em questão), os alunos foram estimulados a produzirem um plano preliminar de redação. As atividades da disciplina Prática de Pesquisa foram assim encerradas, tendo como resultados principais um primeiro corpus documental formado por transcrições de entrevistas; documentação arquivística e iconográfica recolhida; revisão de literatura efetuada; plano preliminar de redação esboçado.
O estágio dos trabalhos em fevereiro de 2002
O estágio dos trabalhos em fevereiro de 2002
Durante as férias, nos meses de janeiro e fevereiro, os alunos continuaram trabalhando. A orientação individual passou a ser oferecida no Campus de São Cristóvão nos dias de segunda, terça e quinta-feira. Dos alunos solicitava-se o cumprimento da primeira parte dos planos de redação. Efetuaram-se, dessa forma, os primeiros testes sobre as capacidades de produção de texto. Essa tem sido uma etapa muito traumática para alguns com sucessivas idas e vindas para alterações na redação dos primeiros escritos. Poucos alunos encaram a tarefa de redigir com relativa espontaneidade. Nesse estágio não há outra coisa a fazer senão identificar as deficiências e indicar o auxílio de um profissional da área.
A produção dos primeiros textos, que à primeira vista poderia parecer uma temeridade, revelou-se um interessante instrumento de mensuração para o aluno. Nesse instante é que são descobertas as lacunas das entrevistas e fazem-se notar as insuficiências de outros tipos de fonte. É comum a realização de novas entrevistas e a coleta paralela de dados estatísticos, de registros cartorários e do trabalho com jornais. Diante da escrita dos primeiros segmentos, o plano preliminar começa a ganhar forma definitiva já que são feitas algumas inserções, extrações ou junções de tópicos. À medida que o aluno avança nas correções e nas pesquisas complementares vai sendo autorizado a prosseguir e por conta disso há textos-base que se encontram com 70% do plano cumprido, enquanto outros não passaram do esboço de um “primeiro capítulo”. Isso, porque, é importante repetir, a dificuldade de compor é muito maior do que mesmo a dificuldade de extrair sentido das informações recolhidas.
Em 22 de fevereiro último, iniciou-se oficialmente a última etapa do projeto que prescreve a elaboração da monografia dentro de um período de quinze semanas. O primeiro encontro foi coletivo. Serviu para dar conta dos prazos que ficaram assim estabelecidos: cinco semanas para a elaboração do texto base; quatro semanas para pequenos ajustes, a redação das conclusões e da introdução; e seis semanas para a preparação dos anexos, revisão estilística e revisão ortográfica. Cientes dos prazos, alunos e professores retomaram o processo de orientação dos estudos listados a seguir:
Listagem dos alunos e dos temas trabalhados na disciplina Prática de Pesquisa (parte 1)
Alunos | Temas |
Alberto dos Santos | Trajetória do Carnaval em Neópolis |
Alvaci Rodrigues de Souza | Economia algodoeira no município de Itabi – 1970/1995 |
Ana Aparecida | História política de Cedro de São João |
Ana Luzia Santos | A prostituição no povoado Cruz da Donzela (Malhada dos Bois) – 1968/2001 |
Angela Maria Silva Dias | O comércio varejista em Propriá – 1970/2000 |
Célia Maria S. Bonfim | Sociedade Filarmônica Santa Terezinha (Japaratuba) |
Claudomir Tavares da Silva | História do Partido dos Trabalhadores em Pirambu – 1985/1995 |
Denilza de Oliveira Santos | A família Melo e a invenção da Festa do Mastro em Capela – 1930/1980 |
Edma Silva Menezes Alves | A trajetória dos Sem Terra no município de Capela – 1995/2000 |
Élia Barbosa de Andrade | Uma História do povoado Bananeiras (Cedro de São João) |
Geane Correia dos Santos | Sociedade Filarmônica Euterpe Japaratubense (Japaratuba) |
Gildaci Torres Valença | Festas natalinas em Itabi – 1960/1985 |
Jilvaneide dos Santos | História da cidade de São Francisco – 1960/1990 |
Jizélia Marques Santos | Festa do mastro em Capela – 1983/1988 |
João Francisco de Oliveira | A rizicultura em Gararu – 1970/2001 |
João Vieira Neto | A Igreja Unida e novos métodos de evangelização (Cedro de São João) – 1967/2000 |
José Pinto Meneses Filho | Vida e obra do artista capelense Rosalvo Rodrigues |
Lealda dos Santos | A festa de Santos Reis nas décadas (Japaratuba) – 1980/1990 |
Margareth de Sá Resende | História do bairro Matias (Itabi) |
Maria da Conceição Neta | Festa da padroeira de Nossa Senhora da Divina Pastora – 1970/1995 |
Maria Madalena da Silva Cruz | A trajetória do Grupo Escolar Coelho e Campos (Capela)– 1918/1945 |
Maria de Lourdes da Silva Cruz Souza | A trajetória política do município de Nossa Senhora de Lourdes – 1963/1945 |
Maria Eneldes Gomes dos Santos | O povoado Ponto Chique e a cultura do abacaxi (Gracho Cardoso) – 1985/2000 |
Maria Nivalda | Festa de Nossa Senhora da Saúde e Santos reis em Japaratuba |
Otaviana Santos | Trajetória da fazenda comunitária do município de General Maynard |
Rosineide Santos Correia | Memórias do Centro de Cultura Rio Branco (Capela) - 1918/2000 |
Sandra Maria dos Santos | Experiência educacional das missionárias da Imaculada Conceição (Capela) |
Valdiolanda Menezes Conceição Sá | A produção algodoeira no município de Itabi |
Valéria Alves Melo | Memórias da indústria têxtil em Propriá |
Considerações finais
Ao finalizar esse relatório, é necessário enfatizar somente duas constatações acerca dessa experiência ímpar que foi participar do projeto “Fontes Orais para a História Contemporânea de Sergipe”. A primeira diz respeito às práticas didático-pedagógicas. É importante registrar as mudanças operadas na avaliação de desempenho discente, colocado em situações adversas em sala de aula e no trabalho de campo. A experiência dos últimos meses conduziu à conclusão da existência, senão de uma “vocação”, pelo menos da premência de determinados atributos necessários ao aluno envolvido com a investigação de uma problemática por ele mesmo sugerida. No mínimo, isso pode levar a uma reflexão em torno da implementação da monografia em um curso de licenciatura em História. Ainda sobre esse primeiro tópico, deve-se apontar a experiência das reuniões em pequenos grupos, nos locais de pesquisa que, pelos diversos fatores já apontados, dinamizaram o aprendizado do ofício e instrumentalizaram os professores em seu trabalho de controlar com eficiência os “ruídos” existentes durante a pesquisa entre alunos, entre aluno e professor, e entre aluno e seu objeto de investigação.
O segundo aspecto a ser enfatizado diz respeito aos novos caminhos que a História Oral começa a ganhar no DHI. Nos últimos meses, a perspectiva teórico-metodológica no âmbito do Projeto orientou-se para o entendimento da História Oral como “um método de pesquisa que produz uma fonte especial (...) um instrumento importante no sentido de possibilitar uma melhor compreensão da construção das estratégias de ação e das representações de grupos ou indivíduos”[7] Mas, isso não implicou em afirmar que a “linha de trabalho” deixou de priorizar o depoimento oral como instrumento que ocupa os espaços deixados pela documentação escrita. Pelo contrário, não é demérito confessar que um grande motivador para a formulação do projeto foi exatamente a escassez de registros sobre o tempo presente em base papel. Foi a destruição deliberada da documentação gerada pelo Estado, em nível municipal, de registros que dizem respeito à vida de cada homem comum numa pequena cidade do interior, como os arquivos das escolas, dos postos de saúde, os arquivos eleitorais, das delegacias e da Prefeitura, somente para ficar com esses exemplos. A idéia de valorizar as relações história/memória, de ver o colaborador também como um agente a ser considerado nessa “operação”, que é a escrita da história, foi uma preocupação surgida no decorrer das entrevistas e no próprio cotejo com outros tipos de fonte. Essa segunda preocupação nasceu na própria rotina do trabalho dos alunos, apesar de ser introduzida superficialmente (sem objetos, sem a empiria) durante as aulas expositivas da disciplina Prática de Pesquisa I. As duas “linhas”, portanto, não devem ser postas como incompatíveis ou como resultados específicos de grupos marcados por uma e outra concepção de História.
Para citar este texto
FREITAS, Itamar. Fontes orais para a história contemporânea de Sergipe. In: Historiografia Sergipana. São Cristóvão: Editora da UFS, 2008. pp. 80-98. Para citar este texto
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Este texto foi publicado, originalmente, nos Anais do VI Encontro Nacional de História Oral. São Paulo: ABHO/FFLCH-USP, 2002.Referências
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Notas
[1] ARQUIVO. In: DICIONÁRIO de Terminologia Arquivística. São Paulo: Associação dos Arquivista Brasileiros – Núcleo Regional de São Paulo/Secretaria de Estado da Cultura 1996, p. 5.
[2] Sá, Antônio Fernando de Araújo. História oral da luta dos trabalhadores rurais sem-terra em Sergipe (1985/1996): uma primeira aproximação com a entrevista de Guido Branco. Universidade e Sociedade, São Paulo, n. 16, jun. 1998, p. 72-81. Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Projeto de Alfabetização e Educação para Jovens e Adultos nos Acampamentos de Reforma Agrária – PRONERA; Nunes, Verônica Maria Meneses e Santos, Fabrícia de Oliveira. Carvalhadas de Poço Redondo. Cadernos do Cendop, Aracaju, 2001.
[3] Os resultados das primeiras escolhas temáticas dos alunos dos cinco pólos foram apresentadas em reunião do Conselho do DHI em 30/05/2001, pelo professor Itamar Freitas.
[4] De abril a julho, em Propriá, o professor Itamar Freitas ministrou as disciplinas História de Sergipe I e Métodos e Técnicas de Pesquisa e o professor Jorge Carvalho, as disciplinas História do Brasil I e História Contemporânea I. De setembro a dezembro este professor trabalhou com História do Brasil II e Prática de Pesquisa (parte I), enquanto o professor Itamar Freitas esteve à frente das disciplinas História de Sergipe II e Prática de Pesquisa (parte I). As atividades desta disciplina foram realizadas conjuntamente. As preleções eram compartilhada pelos quinze orientandos do professor Itamar e pelos quatorze do professor Jorge. As reuniões de estudo nos municípios também foram realizadas pelos dois professores, independentemente do número de alunos que cada um orientava nas localidades visitadas.
[5] Por motivos idênticos (insegurança e inexperiência dos alunos) não foram colocadas como tarefa para os orientandos a solicitação das autorizações de usos das entrevistas. Esse procedimento será cumprido durante as novas visitas aos colaboradores, dentro do processo de revisão das entrevistas.
[6] É importante registrar que durante o processo de transcrição os depoimentos foram parcialmente editados, dentro dos critérios utilizados pelo Museu da Pessoa (documento em anexo).
[7] Ferreira, Marieta Morais. História oral: um inventário das diferenças. In: Entrevistas: abordagens e usos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994. p. 12.