FREITAS, Itamar. A escrita da História na "Casa de Sergipe" (1913/1999). São Cristóvão: Editora da UFS, 2002. |
Entre os traços principais da revista, os especialistas, como Ana Luiza Martins, têm indicado – além das questões que envolvem a edição, extensão dos trabalhos, autoria, periodicidade e material utilizado na confecção – o caráter seriado e condensado, o propósito informativo, formador e de representação de grupo (Cf. Cruz, 1977, p. 22; Martins, 2001, p. 281). É, principalmente, esse último traço diacrítico, distanciando0 do jornal e do livro, que nos interessa neste trabalho. A revista é estratégia de formação, apresentação, delimitação e legitimação de gupos intelectuais.
No que diz respeito às instituições científicas, essa prática transformou-se em regra e pode-se até avaliar as possibilidades de sobrevivência das associações eruditas (no século XIX) e dos chamados institutos científicos (no século XX, sobretudo), através da longevidade e da capacidade de circulação dos seus periódicos.
Para além de uma simples “novidade” dos estudos da História sócio-cultural, esse interesse pelas revistas institucionais/científicas sempre foi redobrado entre os historiadores da historiografia. Mais que difundir e controlar as práticas do ofício – assegurando a propriedade intelectual, divulgando resultados originais de pesquisa, revisando a literatura e mantendo “padrões de qualidade” (Cf. Muller, 200, p. 73-95) –, o periódico revista é um repositório fundamental para o auto-exame das práticas do historiador.
Através de revistas institucionais – programas de pós-graduação, departamentos dde História, grupos de pesquisa, e de institutos históricos a memória do saber vai se constituindo aos poucos, quase imperceptivelmente.
Um olhar retrospectivo sobre essa cultura historiográfica permite reconhecer, por exemplo, os maître d’école, a trajetória do método e as motivações para a escrita e reescrita entre vários grupos ou gerações de historiadores.
Em suma, o exame das revistas de História viabiliza tarefas fundamentais da história da historiografia como o ato de descrever, problematizar e reorientar as práticas, a função, o produto da ciência histórica.
Justifica-se, então, a ocorrência crescente de estudos sobre as revistas dos institutos históricos no Brasil, nos últimos anos, que seguem, na maioria dos casos, a esteira dos estudos sobre os próprios grêmios. A matriz inicial, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é a que tem sido objeto de estudo por parte de historiadores e cientistas sociais.
Quanto às revistas dos institutos estaduais – principalmente daqueles que não possuem a prerrogativa de terem introduzido a pesquisa histórica em seus espaços de influência, dos que foram fundados no período republicano, e esse é o caso do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe –, a quantidade de textos que delas se ocupam, mesmo que tangencialmente, é ainda muito reduzida.
Este trabalho, portanto, tenta diminuir as lacunas sobre as instituições regionais e seus periódicos, optando por três itinerários: 1. Sintetizar algumas características do IHGS; 2. Descrever brevemente a trajetória da Revista do IHGS em termos de produção e circulação e do perfil dos autores/colaboradores; 3. Analisar os tipos documentais produzidos, os temas e problemas dominantes, as formas locais de fazer Geografia e História.
Sumário
Apresentação 5
A escrita da história na “Casa de Sergipe” 11
O periódico revista 11
· Um pouco da “Casa de Sergipe” 14
· Sobre a produção e circulação da Revista do IHGS 21
· Dos autores, textos e distribuição da matéria 26
· A contribuição heurística 32
· A contribuição geográfica 36
· A contribuição historiográfica
· A biografia 41
· Memórias
Os enunciados 47
Das idéias de “história” 50
Os modos de “fazer” 54
Considerações finais 59
Catálogo da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe 65
Índice analítico da Revista do IHGS 181
Índice de autores da Revista do IHGS 195
Referências bibliográficas 201
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Referências
ROCHA, Clara. Revistas literárias do século XX em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985. p. 33. Apud. MARTINS, Ana Luiza. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de República. São Paulo: FAPESP/EDUSP/Imprensa Oficial, 2001.
CRUZ, Heloiza de Faria (org.). São Paulo em revista. São Paulo: CEDIC-PUC/SP; Arquivo do Estado, 1977.
MUELLER, Susana e KREMER, Jeannette Marguerite (org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais: Belo Horizonte: UFMG, 2000. P. 73-95.